terça-feira, 17 de abril de 2012

Modelagem, Medidas, Padrão, Democratizar,...

     Por Raquel Magalhães

     Toda boa marca que se preze, preza pelo seu/sua modelista. Esse profissional cada vez mais concorrido está sendo disputado como em um leilão. Não se vêem muitas iniciativas para mudar o quadro. O Senai Cetiqt por sua vez, oferece um curso de Tecnólogo em Modelagem bastante rico que se transformou em Curso Superior de Tecnologia em Produção de Vestuário. Embora o curso seja bastante procurado, ainda não deu para desafogar o mercado.

     Os novos modelistas formados não possuem experiência e só o diploma não garante um bom desempenho que só se adquire com o tempo. Fato que faz com que os modelistas plenos, os "da antiga" que foram "formados" pela vivência na prática sejam profissionais tão disputados pelas empresas. Muitos desses profissionais não querem ter emprego fixo, preferindo trabalhar como freelancer em várias empresas cobrando a diária, assim conseguem uma renda maior. Ainda há modelistas que trabalham fixo e pegam serviço da própria empresa para modelar em casa cobrando um preço por fora. Isso acontece porque as empresas não conseguem profissionais capazes de desenvolver bem o trabalho, ficando a produção comprometida e dependente do rendimento de um ou de poucos funcionários. Esse fato mostra o quanto a moda brasileira ainda tem para evoluir. Trabalhei em uma empresa onde o modelista era um senhor com bastante vivência na função. Porém tínhamos um problema: a cada coleção não conseguíamos sequer manter uma base de regata padronizada. A cada vez que ele fazia uma base nova era um desperdício de produtividade e não havia general que o fizesse trabalhar com eficiência. Era uma dificuldade se enquadrar às regras de organização, cronograma ou padronização. Por se tratar de um senhor ágil e experiente no que fazia, a empresa se tornou totalmente dependente. As confecções também ainda sofrem para padronizar as bases das modelagens.

     Sendo eu estilista, às vezes sinto vontade de fazer umas peças para meu próprio uso. Porém sem muita habilidade e paciência para modelar, penso que se houvesse um site para download de bases ou então se vendessem bases graduadas de diversos modelos básicos ou de modinha em lojas específicas como de tecidos ou artigos de confecção seria tudo mais democrático até para as pequenas empresas se desenvolverem.
     O conhecimento e a tecnologia deve estar a serviço não só das grandes empresas para que o mercado evolua. O Senai vai medir o corpo de 10.000 brasileiros a fim de criar um grande banco de dados com amostragens estatísticas das segmentações corporais. Isso possibilita até identificar diferentes grupos corporais e padronizar as tabelas de medidas. A tecnologia que se chama Bory Scanner permite realizar mais de 100 medidas corporais. Segundo o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, Fernando Pimentel, as informações deste estudo ficarão disponíveis para auxiliar quem não tem dinheiro para fazer este tipo de investimento. (fonte: matéria de Maíra Amorim para jornal O Globo - Boa Chance - 18 de março de 2012)

     Acredito que o futuro desses estudos seria não só disponibilizar a análise antropométrica, mas também ir além disponibilizando padrões de bases contribuindo para a democratização e tornando funcional e verdadeiramente útil a quem busca novos caminhos.

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